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Revista VITA #4

Oliveira de Azeméis

Consulte aqui a versão digital da Revista VITA #4


Entrevista central deste número 

Joaquim Jorge Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
"Todas as entidades e instituições fizeram um trabalho extraordinário"

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Foi importante o trabalho articulado e em rede para o sucesso das medidas colocadas no terreno?

O trabalho em rede é fundamental para o sucesso. A possibilidade de partilharmos um conjunto de conhecimentos e experiências entre os elementos e as diversas entidades que compõem a Comissão Municipal da Proteção Civil. É fundamental quando queremos articular uma resposta de saúde pública. O trabalho foi desenvolvido não só a nível local, mas também a nível regional, no quadro da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria e da Área Metropolitana do Porto.

Como caracteriza o comportamento da população face às recomendações da Direção-Geral da Saúde, das autoridades de saúde e da autarquia?

De uma maneira geral os oliveirenses cumpriram aquilo que lhes foi pedido não só pela Câmara Municipal, naturalmente através da Comissão Municipal da Proteção Civil, mas também das orientações emanadas da DGS e da tutela e isso acaba por se traduzir nos números que temos no concelho. Globalmente, os oliveirenses demonstraram a sua responsabilidade e a forma séria como encararam a gravidade deste problema.

Qual foi o papel do município a uma escala mais alargada, nomeadamente ao nível da Associação de Municípios Terras de Santa Maria e da Área Metropolitana do Porto?

O papel foi de procurar, sobretudo, articular respostas quer permitissem ajudar os hospitais da Área Metropolitana do Porto. No seio dos municípios da AMTSM os cinco municípios que são servidos pelo Hospital S. Sebastião cotizaram-se para adquirir seis ventiladores. No contexto da AMP, os 17 municípios disponibilizaram 1,5 milhões de euros para acudir às necessidades das IPSS e articular respostas no domínio das necessidades das autoridades de saúde.

Mais uma vez os oliveirenses foram solidários. A conta solidária foi um sucesso ou ficou aquém das expetativas?

Foi um sucesso. Através dos donativos da conta solidária, sobretudo dos nossos empresários, comprámos cinco ventiladores para o hospital S. Sebastião que certamente ajudarão a salvar muitas vidas. Estamos muito gratos a todos os que contribuíram para que esta conta solidária apresente hoje um saldo de mais de 100 mil euros. São contributos que têm um valor humano incalculável. Mais uma vez o altruísmo e a generosidade dos oliveirenses e dos nossos empresários se manifestou através da conta solidária. Existiram outros movi[1]mentos solidários no concelho pelo que os oliveirenses deram um excelente exemplo do que é o seu espírito solidário. Um dos exemplos mais evidente é o fabrico de uma enorme quantidade de viseiras produzidas e distribuídas pela região norte e pelo país.

Famílias frágeis economicamente e empresas com dificuldades, como vai ser o futuro agora em Oliveira de Azeméis?

O futuro em Oliveira de Azeméis terá que ser aquilo que nós todos tivermos capa[1]cidade de construir através das respostas que coletivamente teremos de dar. Aprovámos um conjunto de medidas de apoio no valor de 3,3 milhões de euros direcionadas para famílias e empresas. Espera[1]mos que aos poucos as pessoas possam retomar a normalidade e possam recuperar os rendimentos e as condições de vida que tinham no passado. No quadro das competências da Câmara Municipal tudo faremos para minimizar o impacto desta crise na vida das pessoas.

Quais são os principais alvos de preocupação?

Estamos mais preocupados com as famílias de maior carência económica, as que não consigam cumprir com os seus encargos mensais e é para esses que dirigimos um conjunto de medidas. Reforçámos, por exemplo, a verba do Programa de Emergência Social bem como as verbas para o arrendamento, além da oferta de refeições nas escolas a alunos carenciados, de um serviço de refeições takeaway e cabazes de compras para oferecer às famílias.

A autarquia poderá vir a reforçar esse conjunto de medidas?

É a nossa obrigação. É muito difícil quantificar o impacto desta crise nas famílias e empresas. O que temos de fazer é ir construindo respostas à medida que formos fazendo um diagnóstico mais rigoroso da situação. Isso passa ou por robustecer as respostas que temos ou criar novas medi[1]das.

Resumidamente que medidas mais importantes destacaria das que foram tomadas?

Todas as medidas são importantes. Temos dois tipos de medidas, umas de curto prazo que procuram de imediato combater problemas com que as famílias e empresas se deparem. Mas não nos podemos esquecer que este problema vai perdurar no tempo e, por isso, queremos que esse conjunto de medidas prevaleça no futuro. Isso reflete-se, por exemplo, com o vale Educação, na redução do IMI e nas próprias zonas industriais, devidamente qualificadas e infraestruturadas que é seguramente o maior anseio dos empresários.

Esta altura é de prudência e não de facilitismos. Que conselho dá aos oliveirenses?

Estamos ainda a viver a crise pandémica e o pior que poderia acontecer era nós deitarmos a perder todo este trabalho e sacrifício que fizemos. O que aconselho aos oliveirenses é que, mais uma vez, cumpram escrupulosamente as orientações que são emanadas pela Direção-Geral da Saúde, o distanciamento social, o uso da máscara, evitar a aglomeração de pessoas e que tenham responsabilidade nos seus comportamentos. Se nós, coletivamente, conseguirmos fazer isso não só nos protegemos a nós como protegemos os outros.

Que medidas especiais foram toma[1]das em relação à população dos lares de idosos, um dos maiores grupos de risco?

A Câmara Municipal, desde o início, desenhou um plano de mitigação para os lares o qual foi, a pedido do comandante distrital da proteção civil, disponibilizado ao conjunto de municípios do distrito para lhes servir de guião. A nossa preocupação foi criar um procedimento que permitisse perceber todas as fases do plano, seja ao nível das medidas de prevenção, seja ao nível das medidas de evacuação, ou das medidas para acompanhamento da sintomatologia dos utentes e dos cuidadores. O plano respondeu a todas as dimensões dos lares. Criámos também uma equipa técnica multidisciplinar que fez um trabalho de proximidade e acompanhamento aos dirigentes e técnicos das IPSS em vários planos, no fundo validar a aplicabilidade dos planos de contingência de cada instituição e apurar se estes revelavam alguma falha e procurar corrigir.

A comunidade e os parceiros estiveram à altura respondendo da forma que se esperava?

Excederam todas as expetativas. As pessoas têm, genuinamente, um espírito de missão e quando se trata de salvar vidas essa determinação é ainda mais evidente. Todas as entidades e instituições estiveram à altura e fizeram um trabalho extraordinário. Há uma conjugação enorme de respostas que foram criadas que depois se traduziram em números muito positivos. Isso permitiu que a cada momento tivéssemos conseguido antecipar a realidade com que íamos sendo confrontados. Globalmente, a resposta da comunidade e das entidades foi excecional.

Receou que o concelho pudesse vir a ter uma situação alarmista de outros concelhos do país?

Cada região procurou dar as melhores respostas. O sucesso que aconteceu em Oliveira de Azeméis é de todos os oliveirenses e dos profissionais de saúde. O mérito é de todos embora tenha havido ao longo deste tempo muita preocupação mas tive[1]mos sempre a confiança no trabalho que estávamos a fazer em rede.

Que comentário faz ao posiciona[1]mento dos empresários oliveirenses, alguns deles dando excelentes exemplos e respostas?

Os empresários oliveirenses têm demonstrado, ao longo dos anos, a sua grandiosidade, pelo risco, pela capacidade empreendedora, inovadora e competitiva. Os nossos empresários têm conseguido ter essa dimensão e demonstraram a sua generosidade e altruísmo disponibilizando as suas unidades industriais para produzir gratuitamente produtos para disponibilizar aos profissionais de saúde, à população, às forças de segurança e aos bombeiros. Demonstraram, por outro lado, uma grande adaptabilidade alterando a sua área produtiva e passando a produzir equipamentos para o setor da saúde e ao nível da proteção individual. Por exemplo, empresas que estão a produzir ventiladores, máscaras e equipamentos de proteção individual. Os nossos empresários demonstraram, mais uma vez, que são pessoas com profundo humanismo e responsabilidade social tendo sido um elemento fundamental para que a crise tivesse sido atenuada. •

 

 

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