A padeira do pão de Ul Celeste Rodrigues tem 78 anos e desempenha esta profissão desde pequena recordando-se de, com apenas 11 anos, ir a pé para Vale de Cambra vender este pão tão especial.
Sobre esta tradição de família, que já conta com as contribuições da avó, da mãe e das tias, diz-nos que “a minha falecida avó já era padeira, a minha mãe foi padeira e as irmãs, padeiras foram”. Para além destas mulheres, também as suas quatro irmãs exercem este ofício.
Foi desde que casou, com 20 anos, que criou o seu próprio negócio mas, atualmente, conta com a ajuda da filha e do genro. A sua rotina começa às entre as 23 e as 24h com a confeção da massa e o resto do pão é feito noite dentro, para estar pronto a distribuir às a partir das 8h30.
Este fornecimento é realizado exclusivamente porta-a-porta em Estarreja e Loureiro, no entanto a Dona Celeste tem sempre o seu produto disponível em casa para os fregueses de Ul.
Esta padeira é sócia da APPUL – Associação de Produtores de Pão de Ul – que desempenha um papel importante na preservação desta tradição: “acho bem para não deixar esta tradição acabar porque isto é uma tradição da freguesia que lhe dá muito valor”.
Em relação ao futuro e continuidade do seu projeto, afirma que a sua filha seguirá os seus passos ao manter o negócio da família. No entanto, mostra uma certa preocupação devido ao decrescente número de padeiras, especialmente da sua geração com as mais novas a não se mostrarem muito interessadas devido ao trabalho. Porém, não deixa de ser positiva, “eu acho que os novos irão dar continuidade a isto”, refere.
Quanto à sua profissão de padeira, assegura que, para além de gostar, é uma forma de distração e entretenimento que espera manter por muitos anos. “Tenho orgulho”, conclui.