Ana de Jesus Martins, a Dª Anitas, como é conhecida no Lugar do Outeiro, em Santiago de Riba-Ul, onde é residente, conta já com 88 anos de vida, que dedicou à família e à Paróquia, missão que abraçou muito nova, pelo casamento, quando mudou do lugar da Pica, onde nasceu, para o Outeiro, onde ainda hoje reside.
De uma família de 9 irmãos, foi educada na Gandarinha, a partir dos 7 anos, tendo feito o exame de admissão que dava acesso ao Liceu. Não prosseguiu estudos e preferiu continuar na Gandarinha a aprender costura, como filha de Maria, até conhecer o futuro marido, com 21 anos.
No Lugar do Outeiro, foi catequista na antiga «Casa dos Bichos», pertencente à Quinta do Comandante João Pais, e a missa era celebrada na pequena capela da Quinta, por gentileza do Sr. Comandante, uma importante figura local, que “ofereceu à igreja o cálice, a patena, a colher da gota da água e a píxide, com o nome dele gravado”, recorda a D. Anitas. Ao serviço da igreja de Santiago de Riba-Ul, para além de catequista, foi Ministra da Sagrada Comunhão, fazia a visita aos doentes, recolhia o sustento do padre e, durante muitos anos, foi responsável por decorar os crucifixos para a visita pascal.
O Sábado de Aleluia foi, desde sempre, um dia que a Dª Anitas dedicou a fazer pequenos arranjos de cravos brancos, “a flor mais duradoura”, segundo ela, que com mãos de dádiva, prendia graciosamente às cruzes, que seguiam para a missa vespertina de Aleluia. No dia da visita pascal, sempre fez questão de receber o pároco e os mordomos em sua casa, para descansarem e degustarem as deliciosas iguarias que preparava, como forma de confraternização com os membros da comunidade paroquial.
Para além da paróquia, sempre trabalhou muito na agricultura, no amanho das terras, conhecimento que herdou dos pais e avós, lavradores de profissão, e até hoje, faz questão de levar à sua mesa apenas aquilo que semeia, no quintal e nos terrenos que ainda tem. Quanto aos desejos para o futuro, a D. Anitas pede força, coragem e inspiração para continuar a cultivar a paz e a desenvolver o bem, de acordo com o caráter, os princípios morais e valores cristãos que defendeu e que sempre tentou passar às crianças, jovens e famílias que ajudou a crescer na fé.
Olha hoje para o Outeiro e vê uma terra muito rica de pessoas e oportunidades, lamentando a perda de tantas pessoas queridas que já partiram, mas com esperança na nova geração, que dará continuidade àquilo que os mais velhos construíram.