Há quase duas décadas Anselmo Ferreira e a sua esposa Licínia Oliveira Ferreira lançaram-se na aventura de produzir queijo na pequena freguesia de Ossela, Oliveira de Azeméis.
Dezoito anos depois o desafio está mais que ganho: o queijo de Ossela, produzido na Casa Agrícola de Selores, é um produto bastante conhecido e apreciado na região. Mas há pessoas de outras zonas do país que procuram aquele produto de qualidade e de sabor único.
“Todos os dias aparece gente aqui para comprar queijo”, confidencia Licínia Ferreira. Os consumidores mais frequentes vêm do nosso concelho, de Albergaria-a-Velha, Vale de Cambra, São João da Madeira e Sever do Vouga.
Mas há pessoas também de Espinho, Maia, Porto, Aveiro que procuram este queijo feito a partir de leite de vaca sem aditivos. “Há clientes de quase todo o país que, de passagem, procuram o nosso queijo”.
Quando questionada sobre o que há de especial no queijo de Ossela que o diferencia de todos os outros, Licínia Ferreira responde que “O que o diferencia apenas é ser feito de forma tradicional, sem conservantes”. Embora a qualidade da matéria-prima seja determinante. “Ter bom leite é ter bom queijo”. O leite usado é fornecido por um produtor particular.
Aliando a tradição a alguns traços de modernidade, o queijo de Ossela começou a ser produzido em 2003 por Licínia Ferreira e pelo marido, agricultores e criadores de bovinos. Não havia tradição familiar para que se tivessem lançado nesta atividade.
“Aprendi isto por necessidade, o meu marido é que já tinha trabalhado numa empresa de laticínios mas não fazia queijo, embora tivesse conhecimentos nesta área”, explica.
O preço do queijo em relação à mão-de-obra é barato porque “isto acarreta muita mão-de-obra”. Além de não existir nem fins-de-semana nem férias. “Não olhamos a horas, trabalhamos aos sábados, aos domingos”, diz Licínia Ferreira acrescentando nunca ter tido férias na vida.
“Faço cerca de 15 horas de trabalho diárias e, se eu não fizer essas horas, não me sinto bem”.
Em média são produzidos diariamente entre 80 a 100 queijos, um número que exige largas centenas de litros de leite, tendo em conta que a produção de um queijo equivale a um gasto não inferior a 10 litros.
O queijo genuíno que produzem é vendido em casa. “Não entregamos em lado nenhum”, diz a produtora acentuando que a procura é muita e, às vezes, não têm queijo para vender.
Cumprindo todas as normas de segurança alimentar, o queijo de Ossela pode ter inúmeras utilizações desde o seu uso em pão, em sobremesas ou como aperitivo e orgulha não só quem o produz mas a própria freguesia.
As pessoas têm orgulho na qualidade do produto e dele ser fabricado na sua terra fazendo questão de “trazer até aqui clientes quando perguntam onde eu moro”.