Em Nogueira do Cravo ainda hoje existe um ou outro vestígio de regadio coletivo que servia, à época, para irrigar as leiras e os campos agrícolas.
Essa era uma prática comum, muito utilizada, mas que acabou praticamente por desaparecer com o abandono progressivo da atividade agrícola.
Álvaro da Silva, um dos habitantes da freguesia, fala-nos dos tempos em que esse sistema tradicional de rega fazia parte do dia-a-dia das pessoas que trabalhavam arduamente a terra. “Hoje, os sistemas de regadios que existiam na freguesia não são mais do que recordações”, afirma.
Lembra que, naquele tempo, existia um calendário quinzenal rotativo que definia os nomes e os dias em que cada usuário podia utilizar a água para regar os campos.
Este sistema era coletivo, ou seja, beneficiava um número mais ou menos elevado de regantes. A maior parte dos habitantes da aldeia tinha acesso à rega a partir desse sistema de regadio que tinha origem em pequenos cursos de água, minas ou nascentes.
A água acumulava-se e, quando a presa enchia a água, estava em condições de ser usada para rega correndo esta através de regos abertos até chegar aos campos de cultivo.
“Esta atividade de regadio dos campos era mais frequente no tempo da cultura do milho”, diz Álvaro da Silva revelando, nas suas palavras, alguma saudade desses tempos e da forma como se trabalhava a terra.
Recorda que este tipo de regadio era de máxima importância para os habitantes porque era a forma de se conseguir, através da água de rega, manter a agricultura no Verão retirando da terra o que se produzia.