Manuel Ferreira dos Reis tem 64 anos e é natural de S. Martinho da Gândara, no entanto a partir da quarta classe, aos 11 anos, foi para Madail e nunca mais saiu. Manuel Reis descreve-nos a tradição de Madail, que constava em fazer cabos, cadeiras e ancinhos, e “segundo me contava o meu falecido pai, aqui em Madail houve 17 casas a fazer cabos”, refere. Diz ainda que “quase em cada lugar havia um fabricante de cabos”.
A matéria-prima para estes trabalhos vinha também de Madail, com pinheiros comprados aos lavradores desta terra, transportada em carros de bois. Manuel dos Reis aprendeu esta arte com o pai e o avô, em casa dos avós onde tinham a oficina. Começavam de manhã, por volta das 8h chegando a trabalhar, por vezes, até às 21h. Quando o negócio de família começou, faziam as cadeiras manualmente e vendiam em várias feiras, a clientes particulares, como a dos 13 na Vista Alegre, a dos 28 em Aveiro e na Palhaça.
Apesar de sentir saudades desses tempos, admite que hoje tem muito melhores condições, relatando uma história do tempo do seu avô, que demonstra que as circunstâncias eram, realmente, bastante diferentes: “o meu avô ainda chegou a levar cadeiras, daqui, de carro de bois para o esteiro em Estarreja e, depois ia de barco e apanhávamos na Vista Alegre o material”, adianta. Começaram a desenvolver e a evoluir a partir de 1966, quando compraram o primeiro carro.
Atualmente, já não tem oficina nem fábrica. Limita-se apenas a comprar e vender e participar em feiras com a ajuda de alguns familiares e, apesar desta arte estar extinta há cerca de 4 anos, continua ligado a esta através do seu trabalho, mesmo que não seja propriamente a produzir.