Natural de Oliveira de Azeméis, mais concretamente de Cidacos, Joaquim Ferreira é um amante do folclore, ingressando o Grupo Folclórico de Cidacos aos 9 anos de idade, onde apurou o seu gosto pela música e pela concertina.
Dos diversos encontros com os membros do grupo, muitas vezes na taberna do seu pai, resultou o seu fascínio pelas quadras e pelo improviso. “Eu admirava aquela gente tão humilde conseguir fazer umas quadras espontâneas” refere o cantador, acrescentando: “Um dia gostaria eu também de cantar ao desafio, como o meu pai”.
Mais tarde, já com 16 anos e a convite do pároco de Macinhata da Seixa, Padre Manuel Pires Bastos, passou a fazer parte do Grupo Musical Macinhatense, que atualmente preside. Em 1995, por conta da sua paixão de infância, constituiu o Rancho Folclórico do Grupo Musical Macinhatense como parte integrante do Grupo Musical.
Na posição de ensaiador e tocador de concertina, angariou os membros para a dança e para o canto dos diversos temas do grupo. “As danças que eram normais, a Tirana, o Valseado (…) tinham já letra própria, por conseguinte cantavam. A rusga do Senhor da Pedra é sempre cantada com quadras adequadas ao momento, ao evento ou às pessoas e aí há algum improviso” explica, Joaquim Ferreira.
Do improviso nascem os cantares ao desafio que se caracterizam por um “despique” entre 2 cantadores, e que se pressupõe a existência de uma pergunta e de uma resposta cantada, e em rima, ao som de uma concertina. O talento e apetência para este tipo de cantar predominam por várias regiões do país, “sendo que na região do Minho, por exemplo, cantam em sextilhas e na nossa região o cantar ao desafio é mais lento e em quadras perfeitas”, como refere o cantador. “Nem toda a gente tem a facilidade de versejar, de fazer quadras. Mas eu tenho a minha técnica.”, confessa.
Inspirado pela naturalidade e espontaneidade de Augusto Canário, conhecido cantador, e motivado também pela habilidade dos seus antepassados, Joaquim Ferreira desenvolveu o seu interesse por esta vertente popular, participando em diversos eventos culturais como o Mercado à Moda Antiga, desde a sua primeira edição, e outros a nível internacional.
Desejoso que a sua paixão perpetue pelas gerações vindouras, Joaquim Ferreira reconhece algum talento para a música nos seus filhos e netos, que por sua vez se orgulham no cantador: “é uma vaidade para eles e é um testemunho que lhes dou”, revela o macinhatense.