Desde 1997, que Macinhata da Seixa se destaca e fica conhecida pelo movimento “Macinhata Espanta” pela mão de Conceição Ferreira. Após integrar os corpos diretivos do Grupo Musical Macinhatense, onde criaram diversos espantalhos, a mentora constituiu uma “comissão de eventos culturais e recreativos” que associou o nome da localidade “Macinhata” à conceção de espantalhos, com várias iniciativas por ano. Inicialmente com 5 elementos, o projeto nasceu perante a “vontade de fazer espantalhos” inspirado numa viagem ao Mónaco, coincidindo com a tradição dos antepassados macinhatenses que utilizavam os espantalhos para afugentar os pássaros das suas cerejeiras.
Numa primeira mostra, apenas “uma dúzia de espantalhos” expostos nas redondezas da habitação da mentora e do seu pai serviram para suscitar a curiosidade de locais e transeuntes. No segundo ano, Conceição Ferreira faz um apelo porta a porta e conta com o entusiasmo de todos macinhatenses na participação: “Venham que Macinhata vai ser conhecida em todo o lado”, propagava com determinação.
Numa partilha de conhecimentos da arte de conceber um espantalho, Conceição Ferreira sugeriu aos seus conterrâneos que se fizessem representar pela sua profissão, contagiando todo o seu empenho e paixão: “As famílias ficaram com um gosto tão grande de fazer, que faziam muitos. Em certas casas apareciam 1, 2, 3 espantalhos, e uma senhora chegou a fazer 66.”
Das profissões à sátira social, não faltou inspiração para a criação. Os espantalhos passaram a representar não só a população, como os seus hábitos e costumes e, muitas vezes, a personalizar mensagens aos governantes.
Com um total de cerca de 100 espantalhos na segunda edição, a iniciativa chegou aos meios de comunicação social e despertou a vontade de internacionalizar o movimento através de um título no Guiness. O recorde do mundo era detido pela Inglaterra com a apresentação de 760 espantalhos, tendo a Macinhata Espanta se candidatado com uma proposta de 900. No entanto, a inscrição no “Guiness Book” foi certificada pela construção de 1113 espantalhos concentrados na pequena freguesia, no ano 2000.
O movimento, que a todos encheu de orgulho, transformou a até então desconhecida localidade num polo de atração turística para milhares de visitantes. Macinhata da Seixa passou a dinamizar várias iniciativas que envolviam toda a comunidade numa demonstração orgulhosa das suas raízes, resultando num programa cultural mediático e muito intenso. “Macinhata, Aldeia florida”, “Raid Fotográfico” e “Era uma vez a nossa escola na aldeia dos espantalhos” foram algumas das dinâmicas associadas ao “Macinhata Espanta” que promoveram a exposição dos espantalhos, realizada normalmente entre junho e agosto.
Motivada por uma intensa paixão, a dinamizadora refere que “o espantalho para mim é como um filho” e escreveu um livro, nunca editado, intitulado de: “ A aldeia dos espantalhos”. O livro, baseado numa lenda, descreve a história de um gaio que insistia em atacar as cerejeiras, fonte de rendimento da aldeia. Para as proteger, a população cria os espantalhos que lutam pela sobrevivência da cereja, fruto do desenvolvimento local.
Ainda hoje, Macinhata da Seixa transparece a importância das cerejas e cerejeiras através do seu hino:
“Oh Macinhata, tão bonita e senhoril, como és bonita no mês de abril, todas de branco as tuas cerejeiras, são as mensageiras do teu ar gentil”, conforme mencionado por Conceição Ferreira.