A Quinta da Costeira em termos de existência regista mais de 400 anos e ficou conhecida com a figura do Bispo Conde D. Manuel Correia de Bastos Pina. Com notoriedade nacional, o Bispo formou-se em direito, mas foi na vida eclesiástica que encontrou a sua devoção. “Teve uma subida meteórica nos degraus da Igreja e chegou a Bispo muito cedo”, conta Nuno Portal. Com uma atuação notória, enquanto Bispo da Diocese de Coimbra, mandou construir o primeiro bairro social do país, tendo aplicado as contribuições monetárias por conta do seu 20º aniversário de bispado nessa construção, demonstrando um espírito inovador neste projeto e outros de natureza cultural.
Residente na Quinta da Costeira entre os finais do século XIX e o início do século XX, D. Manuel dedicou-se à realização de diversas obras de destaque. Construções alegóricas a Nossa Senhora de Lourdes, como a capela, as grutas onde ela apareceu, o lago das lágrimas, e um conjunto de nascentes de água que, de certa forma, recriam um pouco do que é possível observar no Santuário dos Pirenéus. “Foi inaugurado, com grande pompa e circunstância, em agosto de 1902, e passou a ser um centro Mariano que trazia milhares e milhares de pessoas em peregrinação aqui ao Santuário”, realça Nuno Portal. De visita ao local, é ainda possível contemplar cerca de 10 hectares “da zona de morada e uma residência, bem preservada, com um jardim de inspiração romântica”, acrescenta.
Através de um testamento, o Bispo Conde declara que o usufruto da quinta ficaria para um sobrinho. No entanto, esta transmissão teria uma condição: “Ele tinha de casar de acordo com a vontade dos seus pais, o que, felizmente, acabou por acontecer”, refere Nuno Portal, o neto do beneficiário.
Atualmente, para além de reuniões de âmbito familiar, a Quinta da Costeira serve de palco a algumas cerimónias religiosas, habitualmente casamentos e bodas de matrimónio, bem como à festividade anual em honra da Nossa Senhora de Lourdes, que abre os portões a toda a população.