Jhonny Aguiar, de nome artístico Guaira, um jogo de palavras para o seu apelido e o nome da praia venezuelana onde os seus pais o levavam quando era criança, é um artista de 37 anos focado na transformação de materiais.
Desde que se lembra que adora desenhar e já sabia que o seu futuro seria nas artes: “desde criança que queria ser pintor e dedicar-me à escultura ou à pintura” refere. No secundário enveredou neste curso e, após o 12º ano, foi trabalhar em artes gráficas, mantendo-se sempre ligado à sua paixão.
Aos 23 anos, um amigo fez com que ele voltasse a estudar, mas Jhonny decidiu não seguir pintura nem escultura pelo receio do risco desta profissão “é a inocência, porque hoje em dia o risco é em tudo, seja em que curso for”, confessa.
Formou-se em cenografia, no Chapitô em Lisboa, no entanto “acho que me cansei daquele mundo”, desabafa. Apesar de não ser a forma de arte predileta de Guaira, a cenografia abriu-lhe as portas para se dedicar às artes plásticas que realiza atualmente.
Através dos materiais que utilizava para a construção de cenários, como a madeira e o ferro, Jhonny Aguiar juntou os excedentes desses trabalhos com a pintura e escultura, e apaixonou-se pelos resultados. Essa forma artística nasceu da sua curiosidade, pois vê o material não pelo que ele é, mas pelo que se pode tornar.
Apesar da paixão pela vida artística, depara-se com algumas dificuldades, nomeadamente o receio da arte não ser um sustento estável. Para além disso, é difícil destacar o seu portfólio, “os meus trabalhos perdem-se muito no portfólio, têm muita textura, têm que ser vistos” reforça.
Algumas das suas peças demoram cerca de dois a três meses a serem feitas. Atualmente, faz vários trabalhos sazonais que permite, posteriormente, poder estar uns meses sem trabalhar e focar-se na produção artística.
Este último ano foi muito complicado para Guaira, que viu várias exposições canceladas, quando era suposto ser o seu ano de maior reconhecimento “o meu ponto alto seria agora”, diz.
Por fim, refere que se identifica com a “arte bruta” pois é caracterizada pelo autodidatismo e, os seus artistas, “não têm necessidade de ficar conhecidos, eles possuem vontade de fazer criação artística”, explica salientando que não consegue parar de criar porque sente necessidade. “Tenho a criatividade dentro de mim e tenho de a pôr cá para fora”, finaliza Jhonny Aguiar.