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Entrevista à Presidente da Assembleia Municipal - "Dar voz aos cidadãos e estimular a sua participação"

Data: 15/12/2017
Oliveira de Azeméis
Dra Helena Santos

Como é que vai pautar a sua presidência na Assembleia Municipal?
O meu exercício na Assembleia Municipal será pautado pelo natural cumprimento dos princípios legais inerentes à função mas para além disso a minha prioridade será dar voz aos cidadãos. Pretendo que as questões colocadas pelos cidadãos tenham sempre resposta atempada apesar do regimento já contemplar que algumas respostas sejam dadas na altura em que são colocadas. Gostaria que as assembleias fossem participadas para que os munícipes tivessem conhecimento do que se passa nas reuniões e quais são as matérias que se discutem. Para que isso aconteça pretendemos que a Assembleia se realize em horários compatíveis com a disponibilidade das pessoas. As Assembleias Extraordinárias poderão decorrer em horário noturno enquanto as ordinárias deverão realizar-se ao sábado de manhã.

Vai promover a descentralização das reuniões pelas freguesias?
Sim. Essa é uma prática que vem sendo seguida e vamos mantê-la desde que haja todas as condições para que possam realizar-se pelas freguesias.

Os munícipes são pouco participativos?
Até agora a participação na Assembleia é muito escassa, na minha perspetiva. É importante que os munícipes tenham conhecimento da realização das assembleias municipais, quer através do edital próprio ou da divulgação que será feita nas redes sociais. Se as reuniões forem interessantes e se os oliveirenses encontrarem nelas as respostas às suas questões, penso que isso será suficiente para que as pessoas sintam que vale a pena participar. Quero aproximar os oliveirenses do órgão que é a Assembleia Municipal, aproximá-los da política e gostaria que eles se sentissem confiantes para colocar de forma frontal as suas questões, sem medo.

Os oliveirenses têm estado divorciados da política local e das grandes decisões para o concelho?
Penso que sim. Sinto que há agora uma onda de expectativa e de interesse mas que é difícil de avaliar para já. Faço questão de estar muito próxima dos oliveirenses. Não vou ser uma presidente fechada em casa ou num gabinete de trabalho. Vou manter proximidade com as pessoas, vou tentar estar em todos os eventos não só para participar neles mas também para tomar conhecimento da realidade e da vida das associações e de todas as estruturas que existem e que interessam aos cidadãos. Quero perceber como é que elas funcionam e como é que correspondem às pretensões dos cidadãos.

A política precisa de jovens?
É fundamental cativar os jovens para a política. São eles que vão construir as novas formas de fazer política em Oliveira de Azeméis. Queremos que esses jovens venham a formar, amanhã, uma nova classe política que saiba discutir os problemas realmente importantes e deixe de fora as guerras políticas, concentrando-se nas questões e nas abordagens fundamentais para o desenvolvimento e crescimento de Oliveira de Azeméis.

O projeto “Políticos de Palmo e Meio” poderá ser um bom meio de sensibilização…
É um projeto interessante mas, porventura, terá de ser revisto para se encontrar o melhor modelo para a sua continuidade. Na perspetiva da sensibilização das crianças e dos jovens para a cidadania e para o exercício da política este projeto é, sem dúvida, estimulante. Os temas devem ser bem escolhidos e a forma como se envolve os jovens para este tipo de discussão tem de ser pedagógica, no sentido de levá-los a perceber que é importante discutir as questões que respeitam à sociedade independentemente da orientação política que um dia venham a seguir.

Espera sensibilizar os oliveirenses para uma cidadania mais ativa?
Trabalharei nesse sentido. Farei todos os possíveis por estar atenta e procurar essa participação dos oliveirenses, incluindo os funcionários da autarquia. Tenho muita expectativa em ver a estrutura da Câmara a funcionar de forma mais eficaz e rápida. Mas para isso é fundamental existir o envolvimento dos trabalhadores percebendo-se qual a sua participação e criatividade nas estruturas e núcleos municipais. É muito importante que os funcionários se sintam motivados e estimulados para tomarem iniciativas e serem criativos.

Qual vai ser o relacionamento entre a Assembleia Municipal e a autarquia?
A Assembleia Municipal será tanto uma “aliada” da autarquia como um observador atento, não hesitando em chamar a atenção para situações com total rigor e transparência. Estes princípios estarão na mira da Assembleia Municipal e não iremos fechar os olhos. Vamos fazer supervisão e garantir que o funcionamento e a discussão das matérias decorram da forma esperada.

Este é mais um projeto na sua vida...
Fui chamada a participar neste projeto de mudança política e aceitei o desafio por ser importante para o concelho abrir um novo ciclo da sua vida democrática. É um desafio de grande responsabilidade e tudo farei para estar à altura dele. Este é mais um projeto no meu percurso de cidadã participativa. Sempre me interessei pelas causas sociais. Além de movimentos cívicos, participei em algumas ações e projetos ligados aos idosos, famílias desprotegidas, infância e juventude. Vivi sempre a cidade com interesse tendo sido sempre uma cidadã ativa.

Que outros desafios lhe vai trazer o cargo de presidente da Assembleia Municipal?
Não tenho planos de carreira política. Vou continuar a exercer a profissão de médica, não estando à espera de algum cargo que me impeça de exercer medicina porque esta é que é a minha paixão e a prioridade na minha vida. Por agora não terei dificuldade de conciliar a minha atividade profissional com o cargo na Assembleia Municipal porque tenho facilidade em organizar os meus horários por exercer somente no setor público.

 

Helena Maria Dinis dos Santos
Natural de Coimbra, 59 anos
Reside em Oliveira de Azeméis

Formação académica
Licenciatura em Medicina (1976-1982) na Universidade de Coimbra;
Formação pós graduada em Terapia Familiar Sistémica.

Posição Profissional
Médica de Família na USF Salvador Machado no ACES EDV II (2010-2017);
Foi Médica de Família no Centro de Saúde de Oliveira de Azeméis entre 1986 a 2010.

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