A Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis assinou com a Universidade de Aveiro (UA) um protocolo de colaboração que visa recolher, validar e potenciar o legado do vidro no território de Oliveira de Azeméis.
Pretende-se o reposicionamento do território Oliveirense com iniciativas imateriais, culturais e simbólicas ligadas ao vidro.
A UA terá como trabalho fulcral a identificação, registo do papel do vidro no concelho enquanto criador da identidade coletiva assim como a apresentação de dinâmicas para o futuro Centro Interpretativo do Vidro.
Como tal, a UA terá de proceder à identificação e registo dos saberes praticados contemporaneamente em contexto de dinâmicas tradicionais; identificar o legado do vidro ligado ao território, aos cidadãos, à indústria e à história; valorizar e desenvolver a proximidade das gentes, da indústria e dos saberes enquanto guardiões e embaixadores do património simbólico e imaterial; desenvolver produtos e serviços distintos e inovadores alicerçados em sistemas de produção e consumo sustentáveis; promover estudos colaborativos em áreas científicas ligadas ao restauro, à arte, à arqueologia, aos materiais, à tecnologia, aos ofícios e ao turismo.
Como produto final serão realizados inventários, tais como bibliográfico histórico e documental, técnico e social e etnográfico. Para além dos documentos referidos será realizada ainda uma monografia, um plano de ação prospetivo e desenvolvido um processo de inscrição/inventariação do vidro no Inventário Nacional de Património Cultural.
Para o Presidente da Câmara Municipal, Joaquim Jorge, “este trabalho identitário é mais uma etapa muito exigente que queremos cumprir. Temos na UA um parceiro determinante e fundamental para dar a garantia necessária para esta investigação”. Adianta ainda que “a escassez de registos e a idade avançada dos 'últimos' vidreiros carecem de investigação urgente, sendo a única forma de recuperarmos a nossa história”.
Martinho Oliveira, diretor da ESAN*, refere que “o nosso trabalho será desenvolvido para que se tenha a clara noção do que o vidro representa historicamente para Oliveira de Azeméis e para o seu desenvolvimento local”. No final desta colaboração deixaremos (UA) uma monografia e outros trabalhos de fundamentação histórica, um grande desafio que vamos enfrentar com rigor e dar o nosso melhor”.
O concelho está historicamente ligado à indústria do vidro, cujo seu início remonta a 1528, na Quinta do Côvo, em Oliveira de Azeméis, uma das primeiras e mais duradouras fábricas de vidro do nosso país - a Fábrica de Vidro do Côvo.
Desde o século XVI e até à década de 90 do século XX, esta fábrica e todas as outras que aqui proliferaram, destacando-se o Centro Vidreiro do Norte de Portugal, foram o núcleo de importantes atividades produtoras, levando a todos os pontos do país vidros de grande perfeição e utilidade.
*ESAN - Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia De Produção Aveiro-Norte da Universidade de Aveiro.