O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, afirmou hoje que o combate contra a violência doméstica tem que situar-se num plano cultural e de prevenção.
«Essa tarefa deve ser um combate de todos nós», afirmou Marinho Pinto que participou no último debate inserido na semana «Azeméis é social», sob a temática «Igualdade de direitos na família».
Marinho Pinho centrou a sua intervenção nos três níveis de violência doméstica - as crianças, as mulheres e os idosos - defendendo uma atitude preventiva e de co-responsabilização de toda a sociedade.
«Estes flagelos que atravessam a sociedade têm que ser combatidos com firmeza e prudência e deverão ter o envolvimento de todos. A primeira coisa a fazer em casos de violência doméstica é actuar sobre a vítima», afirmou, garantindo que «a violência atinge todos os estratos sociais».
O bastonário evocou razões culturais e religiosas para introduzir a questão da violência doméstica, em particular a que é exercida sobre as mulheres, a «mais falada e a mais conhecida».
No que se refere à violência contra crianças, Marinho Pinto disse que esta «é a situação mais hedionda que existe em Portugal onde, por vezes, são os próprios pais que espancam os filhos».
«É uma violência hedionda porque a vítima não tem voz e que atinge, em alguns casos, o abuso sexual», adiantou. Segundo Marinho Pinto «cerca de 80% de pessoas detidas nas prisões por violência foram vítimas durante a infância».
Em relação à violência contra os idosos, alguma dela exercida pelos próprios familiares, o bastonário da Ordem dos Advogados considerou-a «silenciosa».
Orlanda Cruz, da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto, abordou a transmissão de valores que os pais devem incutir aos filhos.
Já Ana de Jesus, da Comissão de Crianças e Jovens de Oliveira de Azeméis (CPCJ), falou da actividade da instituição onde, em 2010, foram sinalizadas350 famílias.
Deste número 243 casos estavam relacionados com crianças vítimas de negligência e 29 com violência física. Segundo Ana de Jesus, as situações sinalizadas «têm mais a ver com questões culturais, sociais e educacionais do que com questões financeiras das famílias».
A representante da CPCJ disse existir no concelho «muitas carências a nível de formação parental» e que os problemas estão na «gestão das relações entre pais e filhos».
«O grande desafio é instituir uma cultura de prevenção», disse.