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Sónia Maria Marques Ribeiro Oliveira: “A viola quer-se na mão do tocador” é o lema de Sónia Oliveira que, “desde que se conhece como gente”, sempre conviveu com o pão, as masseiras, as pás e as canastras, ofício que herdou da sua avó.

Oliveira de Azeméis

“A viola quer-se na mão do tocador” é o lema de Sónia Oliveira que, “desde que se conhece como gente”, sempre conviveu com o pão, as masseiras, as pás e as canastras, ofício que herdou da sua avó, simultaneamente, madrinha, e da sua mãe, e que adotou como profissão, desde os onze anos de idade, assim que deixou de estudar.

A avó foi padeira de Ul a partir dos 15 anos de idade e faleceu há cerca de três anos com a bonita idade de 94 aniversários festejados. Já a mãe, ficou doente muito nova e faleceu aos 68 anos de idade.

Sónia Oliveira explica que a casa onde reside atualmente sempre foi a padaria da família, ainda que tenha mudado da casa principal para os anexos onde se encontra agora há cerca de 15 anos. Também refere que a partir da data em que a mãe faleceu, passou a contar com a colaboração de uma funcionária na sua padaria.

Casada, com um filho, encontra no marido o seu braço direito porque, ainda que ele tenha uma outra profissão durante a semana, é a sua principal ajuda aos fins-de-semana, quando o trabalho triplica de volume. “Se não fosse o seu apoio, jamais conseguiria cozer a enorme quantidade de pão necessária para responder às encomendas dos clientes de fim-de-semana". Até porque, atualmente, são poucas as padeiras que cozem ao domingo e Sónia Oliveira não conhece folgas, nem feriados, nem dias santos.

Os seus clientes, essencialmente cafés, supermercados e tascas, encontram-se distribuídos pela Branca, Pinheiro da Bemposta, Loureiro, S. João da Madeira, Arrifana, S. Roque, Bustelo, Pindelo, Oliveira de Azeméis e Santiago de Riba-Ul.

O responsável pela distribuição é o pai, função que desempenha já desde os tempos da avó e da mãe, quando era necessário fazer chegar as iguarias de Ul às Festas da Senhora da Saúde e Nossa Senhora do Socorro, em Vale de Cambra, à Nossa Senhora da Alegria, na Branca, em Albergaria-a-Nova e às Festas de Nossa Senhora do Desterro, em Arada.

Sónia Oliveira lembra-se que, nessas alturas, as mulheres ficavam na padaria a cozer e, vezes havia, em que o pai era obrigado a fazer várias viagens para reabastecer, tal era a quantidade de pessoas que, antigamente, romavam às festividades.

Atualmente, saem dos seus fornos cerca de 3.000 padas diárias nos dias úteis, ao sábado cerca de 4.000 e, ao domingo, ascendem às 5.000 padas de pão. Quanto às regueifas, habitualmente, coze à quarta, à sexta-feira e ao fim-de-semana.

Sónia Oliveira explica que o seu método de trabalho a leva a fazer fornadas grandes, por isso, a tarefa de colocar o pão ao forno é inteiramente assumida por ela, porque a técnica de distribuir pelo «lar» cerca de 700 padas, completamente alinhadas, sem que se toquem, mas também, sem espaços livres, requer a perícia dos seus braços e o treino que lhe vem de há tantos anos, para que o pão não saia partido ou «achatado».

O outro segredo de tal proeza é que o forno leve sempre uma quantidade significativa de lenha para acautelar que, na hora de colocar o pão, a temperatura esteja bastante alta, garantindo, desta forma, a magia de conseguir numa só fornada tirar o pão «mole», o pão «intermédio» e o pão «tostadinho».

Sónia Oliveira assegura que o trabalho de construção de fornos também requer a sua técnica, não é qualquer “mestre” que o consegue fazer bem. Para corar o pão, o coruto (parte mais alta do forno) não pode ser muito alto, senão o pão começa a ficar branco, seco e não fica macio.

Mas a lenha também tem muita influência na qualidade do produto. Sónia Oliveira tem comprado por vezes lenha que «amortiça» o fogo e não o deixa aquecer o suficiente. Mas quando a lenha é boa, o forno fica mais quente e sabe que, ao fim de vinte minutos, o pão de Ul sai «tostadinho», à vontade de tantos clientes que só o apreciam assim.

Lembra-se de ser pequena e de ser obrigada a ir para os montes, carro de mão nos braços, para apanhar lenha. “Nesses tempos, os montes estavam sempre «rapadinhos», não havia um graveto no chão, explica Sónia Oliveira. Apanhavam-se as cascas dos eucaliptos e todos os galhos que encontravam no chão, porque não havia tantas serrações como hoje.

Mas isso foi no tempo em que o pão custava 25 tostões e em que a farinha ainda era peneirada à mão. Começou a vender pão com a avó aos 10 anos de idade. O pai dava-lhes boleia até Macinhata da Seixa e até à Escravilheira, em Oliveira de Azeméis, e a distribuição era feita a pé, com as canastras à cabeça. Para além do pão de Ul recorda que se vendiam as «carreiras» (conjunto de quatro pães unidos entre si) pelo Natal, para fazer as «sopas secas».

E se a avó a acompanhava na maior parte do caminho, quando chegava a hora de entregar o pão aos fregueses mais distantes, a avó colocava-lhe as «saquitas» nas mãos e era a mais nova que “tinha de dar às pernas”, afirma Sónia Oliveira.

Acha que é por isso que, quando iniciou a sua atividade, não gostava do que fazia. Com apenas seis anos de idade a avó já a obrigava a tender o pão, isto de manhã cedo, ainda antes de ir para a escola. Era tão criança que, para chegar ao tabuleiro, tinha que subir a uma «quarta» (caixa de madeira para medir cereais), porque de outra forma não conseguia trabalhar a massa.

Também não tem boas recordações das festas do São Brás, essencialmente pelo frio que se fazia sentir nos inícios de fevereiro e pela confusão da festa, já que a rotunda era «apinhada» de padeiras. “Ficava sempre doente pelo São Brás, apanhava muitas gripes e cheguei a ser internada uma vez, por duas semanas, devido a pneumonia”, desabafa Sónia Oliveira.

Já as Festas de La Salette eram mais tranquilas e durante alguns anos foram destino das padeiras de Ul que, assim, representavam a freguesia de Ul com o pão quente e as regueifas de canela.

Atualmente, já não frequenta as festas porque tem muitos clientes fixos aos quais não pode faltar. Dos tempos antigos, os clientes mais velhos foram morrendo, mas ficaram os filhos e os netos que deram continuidade aos negócios e se mantiveram fiéis aos fornecedores que sempre conheceram. Até porque, diz Sónia Oliveira, “confiam no produto e sabem que o pão é feito apenas com água, farinha, fermento e sal, sem aditivos, sem açúcares, sem «artifícios»”.

E é porque tem orgulho no que faz que Sónia Oliveira se sente realizada e sabe que esta profissão a irá acompanhar para o resto da sua vida.

Reconhece, no entanto, a dificuldade dos horários, o cansaço por não poder tirar folgas, à exceção dos quinze dias de férias no mês de agosto. Levanta-se às 5 horas da madrugada durante a semana e trabalha até às 10 horas da manhã. Ao sábado, levanta-se às 4 horas e trabalha até por volta do meio-dia. Finalmente, ao domingo, levanta-se às 3 horas e trabalha até às 13 horas. Sónia Oliveira confessa que, ao fim-de-semana, se obriga a uma sesta durante a tarde, porque o trabalho é pesado e sente necessidade de retemperar forças.

A própria saúde vai-se ressentindo e as «tendinites» prendem-lhe os movimentos e retiram-lhe as forças e a agilidade de outrora. Até porque, para além da padaria, Sónia Oliveira desempenha todo o restante conjunto de tarefas domésticas que estão ao seu encargo: refeições, roupas, limpezas e jardins.

Sónia Oliveira confidencia que gostaria de aproveitar mais a vida, ir jantar fora de vez em quando, dar algum passeio, mas “a obrigação faz o monge” e o despertador toca a meio da madrugada, o que lhe retira o entusiasmo de poder entregar-se a esses pequenos momentos de lazer.

Tem consciência, apesar de tudo, que atualmente tem uma vida mais tranquila e feliz. É feliz naquilo que faz, é feliz no casamento e é feliz ao pensar que, no futuro, poderá beneficiar do conforto que tem vindo a construir com o seu trabalho.

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